As gigantes de tecnologia norte-americanas, como Apple, Google (Alphabet) e Microsoft, estão cada vez mais no centro de discussões geopolíticas globais. Recentemente, o presidente da Comissão Federal de Comércio dos EUA, Andrew Ferguson, alertou essas empresas para que não violem a legislação americana ao cumprirem regras estrangeiras, como a Lei de Serviços Digitais da União Europeia e a Lei de Segurança Online do Reino Unido, que exigem maior controle sobre conteúdo e dados dos usuários. O temor é que, ao atender demandas internacionais, as empresas acabem enfraquecendo a privacidade e a segurança dos usuários nos EUA.No Brasil, o debate ganha contornos ainda mais complexos. Especialistas alertam para os riscos de dependência tecnológica e para a vulnerabilidade de dados quando órgãos públicos contratam serviços de big techs estrangeiras. Em setembro, o governo brasileiro lançou a Nuvem Soberana, uma iniciativa para processar e armazenar dados públicos em infraestrutura física sob gestão do Estado, ainda que com tecnologia internacional. O projeto é visto como um avanço, mas especialistas defendem que o país precisa investir mais em infraestrutura própria para garantir soberania digital.O cenário internacional também reflete a estratégia dos EUA de manter sua liderança em inteligência artificial, pressionando empresas a não tributar lucros no exterior e a coletar dados globais sem restrições. Isso coloca as big techs em uma posição delicada, tendo que equilibrar conformidade regulatória, pressões governamentais e expectativas dos usuários por privacidade.A tendência é que, nos próximos anos, o tema da soberania de dados e da regulação de IA ganhe ainda mais relevância, com países como o Brasil buscando maior autonomia e as gigantes de tecnologia tendo que se adaptar a um mundo cada vez mais fragmentado do ponto de vista regulatório.

Deixe um comentário